Por Raquel Rocha
Prezados leitores,
“Marina sempre foi uma a mulher incansável cuja agenda estava sempre cheia de compromissos de trabalho além das responsabilidades com a casa e família. Tentava manter sempre o bom humor e era considerada por todos uma “mulher forte”. No entanto, conforme o dia ia terminando o seu sorriso desvanecia, dando lugar a um sentimento de apreensão. Isso porque noite, para Marina, era sinônimo de uma batalha silenciosa contra a insônia. Apesar do cansaço que pesava em seus ombros, ela não conseguia dormir. Deitada em sua cama, o silêncio da noite contrastava com o turbilhão de pensamentos e preocupações que se recusavam a se aquietar.
Marina, a mulher que parecia ter controle sobre tudo, encontrava-se impotente em sua própria busca pelo descanso. Era uma batalha invisível, travada nas sombras silenciosas do seu quarto, uma luta noturna entre o desejo de descanso um estado de alerta sem trégua”
Talvez a história de Marina já lhe seja familiar. Talvez você conheça alguém como ela, ou talvez você mesmo se veja refletido em sua luta – seja você Marina, João, Pedro ou qualquer outra pessoa. A verdade é que a insônia não discrimina por nome, gênero ou idade; ela pode atingir qualquer um, em qualquer momento da vida, trazendo consigo noites longas e exaustivas.
Em um mundo que valoriza cada vez mais a atividade e produtividade, o sono frequentemente é relegado a um plano secundário, visto por muitos como uma mera interrupção das tarefas diárias. No entanto, esta visão subestima a importância do sono para a saúde física, mental e emocional. O sono não é apenas um período de descanso passivo, mas um estado ativo essencial que desempenha funções manutenção do bem-estar e na restauração do corpo e da mente. À medida que a pesquisa científica avança, torna-se cada vez mais claro que uma boa noite de descanso é tão crucial para a saúde humana quanto uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos.
Ignorar a importância da qualidade do sono pode levar a uma miríade de problemas de saúde, desde distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão até complicações físicas como doenças cardíacas e diabetes. Além disso, a privação de sono afeta diretamente a cognição, diminuindo a capacidade de concentração, memória e tomada de decisões, comprometendo assim o desempenho acadêmico e profissional. Reflita, prezado leitor, sobre como você fica mais desatento e “esquecido” após uma noite mal dormida.
A qualidade e a duração do nosso sono são influenciadas por uma variedade de fatores como estresse, ansiedade, preocupações, ambiente desconfortável, temperaturas extremas, horários irregulares, consumo de estimulantes, exposição à luz azul de dispositivos eletrônicos antes de dormir, atividades físicas intensas à noite, refeições pesadas, dores crônicas e as preocupações cotidianas. São muitos fatores não é mesmo? Mas calma, que vou te falar sobre cada um deles em nossos próximos encontros, de uma forma que vai fazer sentido para você, porque não basta apenas saber, o conhecimento tem que fazer sentido e diferença em nossas vidas.
Por hoje, vamos focar em Marina. O que tira o sono da nossa amiga? Por que ela não consegue dormir apesar do cansaço?
Muitas vezes, após um dia particularmente exaustivo, as pessoas descobrem que, paradoxalmente, não conseguem adormecer. Essa contradição entre o cansaço físico e a dificuldade de cair no sono pode ser frustrante e confusa. Uma das razões principais para essa dificuldade é a hiperativação mental. Apesar do corpo estar desgastado, a mente pode continuar em um estado de alerta elevado, processando os eventos do dia, planejando tarefas futuras ou preocupando-se com problemas não resolvidos. Esse excesso de atividade cerebral pode impedir o relaxamento necessário para iniciar o sono.
Adicionalmente, o estresse e a ansiedade acumulados ao longo do dia podem contribuir significativamente para a dificuldade de dormir. O estresse pode elevar os níveis de cortisol, que interfere no ciclo natural do sono. Quando a mente está ansiosa ou estressada, torna-se mais desafiador acalmar os pensamentos e encontrar a paz necessária para o sono.
E quem nunca ignorou o cansaço para continuar trabalhando, estudando ou vendo mais um vídeo do tictoc no horário em que deveria dormir? Quando isso se torna um hábito você pode estar, inadvertidamente, ensinando seu o corpo a resistir ao sono como resposta ao cansaço.
Portanto, mesmo após um dia exaustivo, fisicamente ou psicologicamente, vários fatores podem conspirar para impedir um descanso noturno eficaz. Reconhecer e abordar essas questões, entendendo que você não tem que “dar conta de tudo”, estabelecendo uma rotina de relaxamento antes de dormir, gerenciando o estresse diurno e criando um ambiente propício ao sono podem te ajudar a ter uma noite de sono profundo e restaurador.
Reflita sobre isso.
Nos encontramos na próxima semana para falar mais sobre o sono!
Raquel Rocha
Psicóloga e Psicanalista
Especialista em Saúde Mental,
Especialista em Terapia Familiar
Especialista em Neuropsicolog
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Mestranda em Ciências da Saúde