Sempre que se faz uma reflexão sobre as questões da vida, vêm à mente aspectos da realidade social, econômica, financeira, cultural dos indivíduos e das coletividades. Aspectos que, de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro, ganham mais destaque nessa ou naquela área, seja qual ela for.
Comemorando-se o mês das mulheres, no entanto, observa-se que, nelas, todas essas nuances ganham contornos específicos, dado que são maioria tanto em população mundial, como na do Brasil e do da maioria das cidades brasileiras. Em muitas, essa maioria não se concretiza somente no número delas enquanto população, mas também enquanto eleitoras.
Justamente nessa perspectiva, observa-se que essa proporcionalidade não se reflete em quantidade de mulheres que participam de eleições e que são eleitas. Por isso, o Dia Internacional da Mulher (8 de março) provoca uma importante reflexão sobre elas na sociedade, seus papéis, seus modos de enxergar o mundo e de interagir com ele, travando-se, ainda, desafios injustos para que sejam colocadas e estejam posicionadas em pé de igualdade em universos que insistem numa participação predominantemente masculina e por vezes machista.
Para quebrar essas barreiras, uma personalidade que vem ganhando destaque em Itabuna é a professora Nilmecy Santos Gonçalves, professora de História da Rede Estadual de Ensino, atuando no Centro Territorial de Educação Profissional – CETEP Litoral Sul II, antigo Colégio Estadual Professora Maria de Lourdes Veloso.
Nilmecy é de Camacan, filha de Leonites Santos Gonçalves e Cyro Gonçalves de Jesus (in memoriam). Itabunense de coração, mora na cidade desde 1982.
Formou-se em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e é especialista em Metodologia da Educação Profissional pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Como professora, contribuiu e continua contribuindo para a construção de vários casos de sucesso.
Ingressou na gestão pública em 2016, a convite do então prefeito de Itabuna, Claudevane Leite, para presidir a Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) entre abril e dezembro daquele ano. Foram nove meses de um esforço incomum em alavancar ainda mais os projetos da fundação e continuar levando cultura para todos os cantos da cidade.
Durante o período, conduziu iniciativas de grande relevância: a terceira edição da Festa Literária de Itabuna (FELITA), o Festival Multiarte Firmino Rocha daquele ano; o projeto “FICC na Praça”, a passagem da Tocha Olímpica em Itabuna, preâmbulo dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Também manteve acesa a chama da Casa das Artes e do Viv-à-rte, beneficiando mais de 5 mil crianças e jovens com atividades culturais; reabriu e inaugurou a sala-sede do projeto itinerante “Letras Que Voam”; consolidou a segunda etapa de qualificação do Espaço Mário Gusmão, também sede do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Itabuna (CMPCI), bem como coordenou o memorável evento natalino “15 Vezes Feliz Natal”, que demarcou o final de sua gestão e o 15º aniversário da FICC.
Encerrou-a cuidando de cada item pertencente ao patrimônio da FICC e entregando ao seu sucessor uma fundação com as contas em ordem, com o patrimônio guardado e vigiado, projetos de muito sucesso e organizando detalhe por detalhe o evento de transmissão de cargo entre os governos do prefeito Vane para o de Fernando Gomes, momento em que conheceu, se aproximou e se tornou amiga daquela que viria a ser a secretária municipal de Governo de Itabuna a partir de janeiro de 2017, Maria Alice Pereira. Entre as duas, uma amizade recíproca que fala por si só.
Dessa relação irmanada, veio em junho de 2018, a convite do prefeito Fernando Gomes, a sua missão mais desafiadora, que foi assumir a Secretaria Municipal da Educação (SME), permanecendo no cargo até dezembro de 2020.
À frente da pasta por 30 meses, entendeu e fez entender que não poderia fazer uma gestão pública se não fosse na base de “muito leite condensado”, como ela própria pronunciava. Nas suas ações, planos e metas, a necessária sensibilidade, na força do diálogo, no fortalecimento do espírito renovador do processo educacional e no resgate da mentalidade de que todos os envolvidos na seara da educação municipal têm papel importante na construção de um futuro melhor. Foi assim, por exemplo, que planejou e colocou em prática o seminário “Escola e Familia & Suas Corresponsabilidades”, com encontros nos núcleos da rede municipal que permitiram a reaproximação dos familiares dos estudantes com as unidades de ensino.
Nas palavras de “Nil” (como gosta de ser chamada), “não dá para se pensar Educação como um banco de ilhas. O modelo administrativo numa Educação municipal objetiva resultados por meio de um conjunto de esforços, com parcerias condignas, projetos sérios, relevantes e que não estejam atrelados somente às vontades individuais ou políticas. A base do atuar dos agentes públicos deve se inspirar numa concepção ‘atemporal’, na percepção de que é necessário estabelecer um ‘estado’ de Educação, com conquistas que se consolidem e perdurem”.
Esse paradigma permitiu alcançar resultados importantes, dando ênfase à continuidade das ações de sua antecessora, professora Anorina Smith e dinamizando as ações que, ao longo do percurso, ganhariam a sua marca, a sua identidade e seu modo de trabalhar.
Por ela, a cidade de Itabuna passou a ser referência na região e na Bahia na implementação do Vetor Disciplinar, que começou como um projeto piloto no Instituto Municipal de Educação Aziz Maron (IMEAM), comemorando os 40 anos da escola e que, após escutas e debates envolvendo os sujeitos atores da educação municipal, se transformou em projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores e sancionado pelo prefeito Fernando Gomes. No segundo ano dessa experiência, 2020, ela foi ampliada para as escolas Margarida Pereira (no bairro Pedro Jerônimo), CAIC Jorge Amado (Jardim Primavera), Lourival Oliviera Soares (Ferradas) e Flávio Simões (Califórnia).
Em se tratando de educação infantil, se procedeu a recuperação do prédio onde funcionou a antiga Escola Municipal Lúcia Oliveira, hoje Instituição de Educação Infantil Lúcia Oliveira, uma das melhores escolas públicas do Brasil para crianças.
O Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM) foi ampliado, passando a fazer parte do Centro de Formação e Tecnologia Municipal (CFTM).
Com o seu jeito sempre equilibrado, ponderado e calmo, conseguiu orientar o prefeito Fernando Gomes sobre o restabelecimento do Adicional Complementar (AC) dos professores municipais.
Não deixou de conceder em nenhum ano o aumento linear nos salários dos docentes, especialmente em 2020 (eclosão da pandemia e surgimento dos desafios mais gigantescos para a sua pasta), respeitando a Lei do Piso e mantendo hígida a responsabilidade fiscal.
Por conta da paralisação das atividades presenciais nas escolas, procedeu a distribuição, via recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de mais 400 toneladas de alimentos para os estudantes da rede, durante todo o momento mais difícil da pandemia.
De todas essas ações, contudo, a que ela acredita ser a mais importante foi a missão de dar continuidade à implementação da nova Proposta Político-Pedagógica da Rede Municipal de Ensino, que ficou denominada “Pelo Direito de Aprender”.
Encerrou a gestão com todos os documentos aprovados pelo Conselho Municipal de Educação (CME) e publicados no Diário Oficial do Município, esforço sobre o qual ela observa que é preciso que a Rede, os professores principalmente, se apropriem tanto da proposta, quanto do Referencial Comum Curricular, os dois documentos que orientam o sistema de ensino em Itabuna, movimento que, a seu ver, atualmente caminha a passos muito lentos.
Os reflexos da importância da nova proposta podem ser observados na entrega do Prêmio “Escola Garantidora do Direito de Aprender”, concedidos às unidades de ensino que tiveram os seus Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEBs) elevados, dada a melhoria na qualidade de ensino e de trabalho dos professores. Todas as escolas que participaram do IDEB em 2019 alavancaram os seus índices em percentuais que foram de 30% a 150%, o que permitiu a volta de um sentimento de carinho, respeito e percepção da relevância dos trabalhos dos gestores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários, estudantes e seus familiares. “Se trata da inserção da coletividade, sociedade civil, empresários, imprensa, todo mundo junto no processo educacional”, ratificou.
A sua “cereja do bolo” enquanto gestora aconteceu em dezembro de 2020, quando convidou a sua sucessora para o evento oficial de transição entre governos, procedendo a entrega de todos os relatórios, documentos e registros da SME produzidos durante sua gestão.
Certa de que ainda tem muito a contribuir tanto em Itabuna, quanto no Sul da Bahia, tendo passado por duas experiências importantes como gestora pública (FICC e Secretaria da Educação) e pela sua aproximação com a História da Cidade de Itabuna a partir de um misto de olhar de gestora e de educadora, surgiu em seu coração a vontade de continuar ajudando ao povo grapiúna, lançando-se, agora, ao desafio de continuar atuando na política, desta vez como representante de Itabuna e do Sul da Bahia na Assembleia Legislativa do Estado (ALBA), colocando o seu nome como pré-candidata a deputada estadual pela União Brasil (UB).
Para ela, é hora de demonstrar, mais do que nunca, que a maneira feminia de conduzir o desenvolvimento de políticas importantes para as cidades, para os bairros, para as comunidades, “é singular, eficiente e precisa sim de um espaço maior”, observa.
No de que depender dela, a julgar pelas boas aventuranças que carrega consigo através de sua personalidade sempre gentil, afável, acessível, jeito de ser sublinhado pelo amor que sente pelas pessoas, pelos amigos, pelos familiares, pelos estudantes que a acompanha e já acompanharam-na, pelos e pelas colegas de profissão, pela quantidade de abraços que gosta de trocar todos os dias e especialmente por carregar consigo um importante sentimento de fé (acreditando em Deus e acreditando nas pessoas), o seu fazer político continuará com a premissa da transformação do mundo. Para melhor.