Em paralelo ao rápido desenvolvimento da Odontologia, outra grande área do conhecimento biológico tem acumulado avanços que prometem acelerar ainda mais o progresso do cuidado multidisciplinar da saúde bucal dos indivíduos. Trata-se do estudo de células indiferenciadas existente no organismo que podem, se bem manipuladas, transformarem-se em células específicas de qualquer órgão, substituindo células mortas ou em processo de degeneração e necrose. São as chamadas células-tronco.
Os dentes têm papel fundamental nas pesquisas com células-tronco, já que a polpa dentária (o chamado “nervo” do dente pelos leigos) é um tecido conjuntivo fibroso, que contém células pluri potentes, semelhantes a células da medula óssea, com grande capacidade de proliferação e de se diferenciar em novo tecido fibroso, muito semelhante ao tecido pulpar antes existente.
Dentes permanentes jovens, com a raiz incompletamente formada, são um dos grandes desafios na prática endodôntica (tratamento de canal) necessitando de um tratamento longo e diferenciado dos tratamentos endodônticos convencionais. As causas que comumente interrompem a maturação radicular são traumatismos dentários e cáries profundas, que podem causar a necrose do tecido pulpar, no interior da raiz dentária.
Sendo assim, os dentes que apresentam raiz incompletamente formada e necrose pulpar geralmente eram tratados por uma técnica chamada Apicificação, com muitas sessões e trocas de medicação, o que muitas vezes tornava este tratamento inviável, devido o risco de contaminação e até mesmo por desleixo do paciente que, por ser um tratamento indolor tende a faltar as últimas sessões.
No início do século XXI, por volta dos anos de 2005, 2006, pesquisadores como M. Trope, nos Estados Unidos, C. Torneck, no Canadá, SI Iwaya, no Japão, dentre outros, começaram a publicar em revistas internacionais da área, tais como Journal of Endodontics, International Endodontic Journal e Dental Traumatologic uma nova técnica baseada no uso de células-tronco existentes no osso de sustentação dos dentes e na articulação dento alveolar.
Esta técnica, chamada de Revascularização, promove o aparecimento de um novo tecido pulpar sadio, devolvendo ao dente sua vitalidade e higidez.
Em conversa com o Prof. Kenneth Hagreaves, da University of San Antonio, no Texas, estados Unidos o mesmo afirmou que “O periodonto apical (Tecido conjuntivo que se localiza entre o dente e o osso alveolar) contém 500 vezes mais células tronco que outro tecido no corpo humano”.
Começamos a construir uma casuística de Revascularização em nossa Clínica no Centro Médico Odontológico Artumiro Fontes, em Itabuna, no Departamento de Endodontia Clínica da Faculdade de Ilhéus, onde somos Professor Titular e no Curso de Especialização em Endodontia do Instituto Excellence, em Ilhéus. Já publicamos artigos com resultados clínicos satisfatórios em revistas brasileiras, americanas, indianas e australianas. Publicamos o livro “Células Tronco. Endodontia Regenerativa. Revascularização”, que está tendo excelente aceitação entre os cirurgiões dentistas.
